Combate à crise no rumo de 2010

A preocupação em manter o nível de emprego, apesar da crise, e de mostrar que obras estão sendo realizadas com recursos da União marcaram o discurso da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ontem, em Pernambuco. Ela chegou, à noite, para participar da assinatura da ordem de serviço para a construção da Casa de Força da Refinaria Abreu e Lima, em Suape. A ministra também confirmou que o governo lançará um plano de habitação popular para construir 500 mil residências em dois anos.

Dilma chegou com quase duas horas de atraso ao palanque montado no meio da obra de terraplenagem da refinaria. A 100 metros do local, máquinas, mesmo à noite, trabalhavam. “É muito melhor estar aqui ouvindo o barulho das máquinas do que num gabinete em Brasília”, falou o governador Eduardo Campos (PSB). Nas cadeiras, apenas convidados e funcionários da terraplenagem, pouco à vontade com a demora.

A mensagem que Dilma quis passar foi de confiança e de que o governo faz a sua parte para enfrentar a crise. “Continuaremos investindo. Fizemos uma transferência de R$ 100 bilhões do Tesouro para o BNDES. Com isso sinalizamos que crédito não faltará”, disse.

A própria ordem de serviço para a construção da Casa de Força seria um exemplo da manutenção dos investimentos. A unidade é uma termoelétrica, com capacidade para 200 MW, que será feita pela Alusa (Cia. Técnica de Engenharia Elétrica) por R$ 966 milhões, sendo a primeira grande edificação da refinaria. A demora em fechar os contratos, entretanto, já fez a Petrobras refazer o planejamento de início da refinaria, de agosto de 2010 para 2011.

A ministra destacou que o governo optou por reforçar os investimentos, mesmo na crise. E que estavam garantidos os investimentos na refinaria, nos navios que estão sendo feitos no estaleiro em Suape, na Transposição e na Transnordestina, que terá o trecho Salgueiro-Trindade iniciado no dia 12, com a presença do presidente Lula.

Para habitação, o governo prepara um pacote de 500 mil residências para famílias que ganham de dois a cinco salários mínimos. “Essa faixa de renda vai pagar uma prestação compatível com a renda dela. Vamos criar fundos garantidos e todas as condições para que essa parte da população tenha acesso a casa. Se for necessário fazer subsídios, vamos fazê-lo não para o construtor, mas para a população.”

A ministra ainda lembrou diversas vezes do fantasma do FMI. Segundo ela, em outras crises, a primeira coisa que acontecia era o governo quebrar e ter que recorrer ao Fundo Monetário Internacional. “Dessa vez é diferente. O governo não é parte do problema, mas da solução. E essa crise é muito maior do que outros, que se contava na casa dos bilhões. Agora é na casa dos trilhões”.