Depois da tempestade

Para a economia pernambucana faz todo sentido que, depois da tempestade venha bonança. Após as enchentes que trouxeram enormes prejuízos ao estado, o anúncio de novos empreendimentos em Suape mostram que o crescimento da economia estadual é irreversível.

Para as populações atingidas pelas enchentes, porém, os dias seguintes estão sendo de doença e incertezas. Apesar da corrente de solidariedade, do pronto atendimento do governo, o desafio de reconstruir, de esquecer as dramáticas horas vividas, são tarefas geralmente pessoais e intransferíveis.

Costuma-se também dizer que uma bomba não cai duas vezes em um mesmo lugar. Porém, quando se trata de fenômenos naturais, cíclicos, não se pode dizer o mesmo. Os desastres acontecem, se repetem, não podem ser evitados, mas podem ser minimizados. Está aí o sistema de barragens de Carpina/Goitá e a de Tapacurá. Foram obras construídas há mais de 30 anos, durante o governo Eraldo Gueiros, contendo as enchentes que formavam ao longo do Capibaribe e afluentes, principal causas das históricas cheias que atingiam o Grande Recife.

O poder público fez sua parte e, agora com Pernambuco vivendo esse período de pleno crescimento, é de se esperar que outras obras estruturadoras serão erguidas livrando as cidades ribeirinhas da repetição das consequências dessas tragédias anunciadas. Entretanto, cada uma das vítimas é quem terá que superar as desventuras particulares e entender que nem sempre o poder público, nem mesmo os incontáveis gestos solidários, podem tudo. Conviver com a natureza é saber respeitá-la. Só assim, depois da tempestade haverá a bonança. Do contrário, até o desenvolvimento econômico será apenas o crescimento de alguns itens mercadológicos.