O Complexo Industrial Portuário de Suape ganhará mais 1.500 empregos, com um novo estaleiro anunciado semana passada. Lá, os postos de trabalho são contados aos milhares e os investimentos, aos bilhões. Quanto mais aquela área cresce, mais o próprio governo se preocupa em levar outros investimentos para o interior do Estado. O esforço é um refrão do governador Eduardo Campos e de sua equipe desde o primeiro ano de gestão. E os primeiros resultados começaram a aparecer. Mas ainda falta muito para promover a proclamada interiorização do desenvolvimento, que na prática tem se revelado uma desconcentração dos aportes no Grande Recife.
Quantitativamente, a região metropolitana continua a receber a maioria dos projetos industriais (ver arte acima). Mas cidades como Vitória de Santo Antão, Caruaru e Petrolina começam a se destacar. A primeira delas, em especial, vive um momento de euforia: tem a Sadia, ganhou uma planta da multinacional Kraft Foods e comemorou na última sexta-feira mais sete empreendimentos, dentre eles um de R$ 50 milhões, da Metalfrio, que vai produzir refrigeradores.
A situação de Vitória mostra que além de infraestrutura, oferta de áreas e incentivos fiscais (ver matéria ao lado), empresários gostam de investir onde outros já colocaram dinheiro. “Indústria não gosta de ficar só”, confirma o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães. A Kraft, por exemplo, teve como principal consultora a Sadia. Essa é uma das explicações para o Sertão e, principalmente, a Zona da Mata Norte ainda não terem deslanchado. Nos últimos três anos, apenas sete projetos foram anunciados para a região acima do Grande Recife, quase metade do que chegou somente para Vitória.
Apesar do polo farmacoquímico de Goiana ter confirmadas unidades da multinacional Novartis e da Hemobrás, o fato delas não terem uma estrutura física ainda diminui o poder de sedução do município. Sem falar que, conforme mostrou a Ambev, até a qualidade do terreno faz a diferença. Após meses de suspense, a empresa optou por instalar sua segunda fábrica no Estado em Itapissuma, em vez de Moreno. Tudo porque o solo da área da segunda cidade era cheio de pedras, o que iria encarecer a construção da planta. Foi mais vantajoso comprar um bom terreno de uma usina a receber tal terra de graça.
Empresas descobrem o interior
30/05/2011