Dupé retoma o mercado

Prestes a completar três anos de aquisição da Dupé em Pernambuco, no mês de setembro, o presidente da Alpargatas Márcio Utsch, comemora o resultado da compra após um processo de adaptação da empresa ao perfil do novo controlador. Ao longo dos últimos anos, a fábrica da Dupé em Carpina, que pertencia ao grupo Pernambucano Tavares de Melo, ampliou o quadro de funcionários de 550 para 800, aumentou sua participação no mercado nacional, engordou sua fatia no mercado nordestino e deixou de ser um concorrente incômodo para a Havaianas – líder nacional do setor de sandálias de borracha e marca nº 1 da companhia.

“Quando compramos a Dupé, nossa estratégia era criar uma complementariedade entre as marcas, que brigavam no mercado de sandálias de borracha. Nesse embate, as duas saíam sangrando e prejudicadas. Era preciso criar uma sinergia. Durante um ano, trabalhamos num processo de adaptação, porque uma aquisição sempre requer esses ajustes”, conta o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, que esteve em Pernambuco na última sexta-feira para participar do 7º Congresso Brasileiro de Administração, promovido pela Faculdade Maurício de Nassau, no Centro de Convenções de Pernambuco.

Logo quando a Alpargatas assumiu a Dupé, o varejo se retraiu nas compras de sandálias da marca, acreditando que a companhia acabaria com a marca. “Se eu fizesse isso ganharia o troféu jumento”, brinca um bem-humorado Utsch, que depois de sua palestra no Teatro Guararapes atendeu, pacientemente, aos pedidos para tirar fotos de dezenas de estudantes-tietes. Passada a transição, a Dupé retomou sua força no varejo. No ano passado, mesmo com a crise, a fábrica de Carpina passou a contar com um terceiro turno de operação. A indústria também aumentou de 23 para 30, o número de países para onde exporta suas sandálias.

Com capacidade instalada para produzir 31 milhões de pares de sandálias por ano, a unidade da Dupé já utiliza 84% do parque. “Avaliamos, sim, construir uma nova planta, mas isso está em análise. E, como somos uma companhia de capital aberto, não posso comentar”, justifica Utsch. No ano passado, o governo do Estado tentava anunciar uma nova fábrica do grupo, como forma de abrir as portas para um plano de expansão do parque calçadista do Estado.

O presidente da Alpargatas faz sigilo sobre o investimento realizado na planta pernambucana nos últimos anos, receando abrir a informação para a concorrência. “Modernizamos a fábrica, mas não digo o valor nem sob tortura”, torna a brincar, escapando simpaticamente da pergunta.